Camilo é lembrado até hoje pelos cubanos porque ele, junto de Fidel Castro, Ernesto Guevara e Vilma Espín, foi uma das personalidades de destaque da Revolução Cubana (1959). Foi o primeiro comandante do Exército Rebelde a entrar na capital e o responsável pela tomada do Regimento Columbia, um dos maiores símbolos da força militar do ditador Fulgêncio Batista (1940-1944 e 1952-1959).
Nasceu em 6 de fevereiro de 1932 na província de Havana. Começou a estudar, mas precisou deixar a escola para trabalhar. Seu primeiro emprego era no setor de limpeza de uma loja de roupas e ajudava seu pai, alfaiate, com pequenos serviços. Durante o governo de Batista, Camilo participou de alguns protestos até que, em 1954, quando tinha 21 anos, foi fichado e se viu obrigado a deixar Cuba. Exilado em Nova York, trabalhou como camareiro, pintor e alfaiate. Deportado no ano seguinte por participar de manifestações, foi para o México e depois para Cuba. Em 1956, foi preso novamente, voltou aos Estados Unidos e se aproximou do Movimento 26 de Julho. Um dos últimos a se integrar à “Expedição Granma”, participou de diversas batalhas até o 1° de janeiro em que os revolucionários conseguiram tomar o poder.
Após o início da Revolução, Camilo foi designado nomeado Jefe de todas las Fuerzas Armadas en la provincia de La Habana, um dos maiores cargos dentro do Exército, e Jefe de Estado Mayor del Ejército Rebelde. Sua vida, porém, acabou nove meses após o início do processo revolucionário.
Em 12 de novembro de 1959, Fidel fez um comunicado oficial na televisão sobre o desaparecimento de Camilo informando que, no dia 28, na região onde o avião dele passava, havia uma forte tempestade. Na tentativa de desviar, havia a possibilidade de o bimotor ter se dirigido ao norte da ilha. Em decorrência da nova rota, não prevista, possivelmente o combustível acabou, não foi suficiente para pousar em segurança em algum lugar da ilha e caiu no mar. Há quem conteste esta versão, sobretudo oposicionistas do governo cubano, insinuando que o próprio Fidel queria que ele desaparecesse e por isso premeditou seu assassinato.
Falam de Camilo como uma pessoa popular, carismática e simpática. Uma das histórias mais famosas é sobre um jogo de basebol, esporte nacional cubano, realizado com objetivo de arrecadar fundos para a reforma agrária. Os times eram Polícia Nacional Revolucionaria (PNR) e os Barbudos, composto por membros do Exército Rebelde. Inicialmente, tanto Camilo quanto Fidel eram lançadores. Instantes antes da partida, Camilo entrou no campo com uniforme de rebatedor do time dos Barbudos, junto de Fidel, e disse: “Yo no estoy contra Fidel ni en un juego de pelota” (Não estou contra o Fidel nem em jogo de bola). Juntos perderam: a partida acabou 3 a 0 para os policiais.
Depois de sua morte, tornou-se um mártir da Revolução, e embora seu rosto não estampe camisetas e chaveiros mundo afora, como acontece com Che, sua foto está sempre em cartazes das manifestações realizadas na ilha. Seu rosto estampa ainda a nota de vinte pesos cubanos. É chamado de Señor de la Vanguardia e Héroe de Yaguajay – cidade cubana onde aconteceu o combate de maior destaque da trajetória de Camilo -, dá nome a uma universidade, Universidad Camilo Cienfuegos de Matanzas e a um colégio, a Escuela Militar Camilo Cienfuegos (EMCC), onde os alunos são chamados de “Camilitos”.
Abaixo seguem algumas fotos do Camilo divulgadas na imprensa cubana nesta terça-feira (28):