A CIA EM CUBA E NA VENEZUELA
Cuba

A CIA EM CUBA E NA VENEZUELA


AÇÕES DA CIA EM CUBA E VENEZUELA
Por Eva Golinger

Um artigo publicado no sábado, 12 de dezembro de 2009, no New York Times (já noticiado aqui no Solidários) revelou que um contratado do governo dos Estados Unidos foi preso em Havana, em 5 de dezembro, distribuindo telefones celulares, computadores e outros equipamentos de comunicação para grupos contra-revolucionários.

O funcionário, cujo nome ainda não foi publicado, trabalha para a empresa ianque Development Alternatives, Inc. (DAI), um dos grande contratos do Departamento de Estado, do Pentágono e da Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID).

No ano passado, o Congresso dos Estados Unidos aprovou um orçamento de US$ 40 milhões para promover a “transição para a democracia” em Cuba. À empresa DAI foi destinado o contrato principal, o Programa de Democracia em Cuba e Planos de Contingência. O Congresso também autorizou o uso de subcontratados supervisionados por esta empresa. O uso de uma rede de organismos é um dos mecanismos utilizados pela Agência Central de Inteligência (CIA) para canalizar e filtrar fundos e apoio político e estratégico para grupos e indivíduos que promovem a sua agenda no exterior.


A DEVELOPMENT ALTERNATIVES, INC. NA VENEZUELA.

A DAI foi contratada em junho de 2002 pela USAID para gerenciar um multimilionário contrato na Venezuela, apenas dois meses após o fracassado golpe contra o presidente Hugo Chávez.

Antes dessa data, a USAID não operava na Venezuela, nem mantinha escritórios no país. A DAI foi encarregada de abrir o Escritório de Iniciativas para Transição - OTI, da sigla em Inglês - um braço especializado da USAID destinada a distribuir fundos milionários para organizações favoráveis aos interesses de Washington em países estrategicamente importantes, que passam por alguma crise política.

O primeiro contrato entre a USAID e a daí, para as suas operações na Venezuela, autorizava o uso de 10 milhões de dólares para um período de dois anos. A DAI abriu suas portas no setor financeiro de Caracas, El Rosal, em agosto de 2002, e imediatamente começou a financiar os grupos, que há apenas alguns meses, sem sucesso tentaram executar o golpe contra o presidente Chávez.

Os fundos da USAID/DAI na Venezuela foram distribuídos, durante o primeiro ano, para organizações como a Fedecamaras e a Confederação de Trabalhadores da Venezuela (CTV). Dois grandes grupos que realizaram o golpe de Estado em abril de 2002 e depois encabeçaram as sabotagens econômicas, a greve dos petroleiros e a guerra midiática, com o claro objetivo de derrubar o governo venezuelano.

Um contrato entre a DAI e estas organizações, datado de Dezembro de 2002, deu mais de 10 mil dólares para o projeto de rádio e televisão em favor da Coordenadora Democrática, uma coligação de forças de oposição contra o presidente Chávez.

Em fevereiro de 2003, a DAI começou a financiar um grupo recém-criado chamado Sumate, liderada por Maria Corina Machado, que foi uma das signatárias do "Decreto Carmona", o famoso decreto que dissolve todas as instituições democráticas da Venezuela - desde a Assembleia Nacional, o poder executivo e do Supremo Tribunal de Justiça, entre outras - durante o golpe de abril de 2002.

O Sumate logo se converteu na principal organização de oposição, que projetou e coordenou a campanha, incluindo o referendo revogatório contra o presidente Chávez, em agosto de 2004.

As três principais agências de Washington, que operam na Venezuela naquele momento, a USAID, a DAI e a National Endowment for Democracy (NED), investiram mais de US$ 9 milhões na campanha da oposição durante o referendo, sem sucesso.

A USAID na Venezuela, que ainda mantém a sua presença, através da OTI e da DAI, tinha previsto uma estadia de não mais de dois anos, no país. O então chefe da OTI na Venezuela, Ronald Ulrich, declarou publicamente, no início dos seus trabalhos, em agosto de 2002, que "Este programa será concluído em dois anos, como tem acontecido com iniciativas similares em outros países, o escritório será fechado após este período de tempo".

Tecnicamente, a OTI são equipes de respostas rápidas da USAID, equipadas com elevados montantes de fundos líquidos e um pessoal especializado para "resolver uma crise" de forma favorável a Washington.

No documento, mediante o qual se estabeleceu a operação da OTI na Venezuela, os objetivos eram claros, "Nos últimos meses, sua popularidade diminuiu e as tensões políticas aumentaram drasticamente, já que o presidente Chávez tem implementado várias reformas controversas. A situação atual aponta fortemente para uma rápida participação do governo dos Estados Unidos".

Até hoje, a OTI continua na Venezuela, com a Development Alternatives, Inc. como sua principal contratada. Mas, agora, divide o bolo de dólares com quatro outras entidades da USAID em Caracas: o Instituto Republicano Internacional (IRI), o Instituto Democrático Nacional (NDI ), Freedom House, e a Pan-Americana de Desenvolvimento (FUPAD). Dos 64 grupos que financiavam em 2004, com US$ 5 milhões por ano, agora financiam mais de 533 organizações, partidos políticos, programas e projetos da oposição, com um orçamento de mais de US$ 7 milhões por ano.

Sua presença não só permanece no país, como também tem crescido. Obviamente que esta se deve a uma razão muito simples: ainda não alcançaram a sua finalidade de derrubar o governo de Hugo Chávez.


A DAI É UMA FACHADA DA CIA

Agora, aparece em Cuba este organismo de desestabilização, com vários milhões de dólares de fundos para a destruição da Revolução Cubana.

O ex-agente da CIA, Philip Agee, disse que a DAI, bem como a USAID e a NED, "são instrumentos das embaixadas dos Estados Unidos e por trás dessas três organizações está a CIA".

Na verdade, o contrato da USAID com a DAI na Venezuela dizia especificamente que "o representante local vai manter uma estreita cooperação com os funcionários da embaixada para identificar oportunidades, identificar colaboradores e garantir que o programa mantenha sua coerência com a política externa do Estados Unidos".

Não deixa dúvidas sobre o seu trabalho de procura de agentes para servir aos interesses de Washington, nem que sua presença e suas atividades são coordenados diretamente pela embaixada dos EUA.

A prisão do funcionário da DAI é um passo muito importante para conter as ações de desestabilização em Cuba, lideradas por Washington.

Também comprova que não há nenhuma mudança com a administração de Barack Obama, quanto à política de Washington contra Cuba - continuam empregando e utilizando as mesmas táticas de espionagem, infiltração e subversão como nos anos anteriores.


A VENEZUELA TAMBÉM DEVE EXPULSAR A DAI DO PAÍS.

Agora que Cuba descobriu o trabalho de inteligência (recrutamento de agentes, infiltração em grupos políticos e entrega de recursos para promover a desestabilização - são atividades de inteligência) que estava sendo realizando pela DAI, na ilha do Caribe, o governo da Venezuela deve responder contundentemente e expulsar de seu país esta grave ameaça, que por sete anos e meio, alimentou, com mais de 50 milhões de dólares, a desestabilização e a oposição interna.

Não é demais comentar que nos Estados Unidos há cinco cidadãos cubanos presos por supostos atos de espionagem, embora suas ações não fossem prejudiciais aos interesses dos EUA.

Ao contrário disto, o funcionário da DAI (leia-se CIA) detido, estava agindo abertamente contra os interesses de Cuba, promovendo a desestabilização interna e a irregular distribuição de materiais e recursos de Washington, que foram destinados a alimentar um conflito que poderia causar uma política de transição favorável à agenda norte-americana.

Development Alternatives, Inc. é um das maiores contratadas de Washington no mundo. Atualmente tem um contrato de US$ 50 milhões de dólares, no Afeganistão. Na América Latina, opera na Bolívia, Brasil, Colômbia, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Peru, República Dominicana e Venezuela.

Fonte: CAMBIOS EN CUBA
Tradução: Robson Luiz Ceron - Blog Solidários.



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