Cuba, um estado patrocinador do terrorismo? Falemos sério, Departamento de Estado
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Cuba, um estado patrocinador do terrorismo? Falemos sério, Departamento de Estado


Por John Adams y David W. Jones
Tradução: ADITAL (através do email do solidário Amaro, de Natal/RN)

Em 1979, o Departamento de Estado dos Estados Unidos começou a designar como Estados Patrocinadores do Terrorismo aos países que "repetidamente, têm oferecido apoio a atos de terrorismo internacional”. Atualmente, quatro países estão nessa lista: Irã, Síria, Sudão e Cuba.

Em sério? Cuba?

Cuba foi agregada à lista em 1982 devido ao seu apoio aos rebeldes comunistas na África e na América Latina, nas décadas de 60 e 70.

Após regressar de uma longa viagem investigativa a Cuba, onde nos reunimos com funcionários diplomáticos de países chave da Europa e da América Latina, com a Secção de Interesses dos Estados Unidos e com funcionários do governo cubano, chegamos à conclusão de que, simplesmente, é ilógico e contraproducente manter Cuba na lista. Há pouca ou nenhuma evidência de que Cuba ofereça apoio ao terrorismo e a evidência demonstra que não o faz há mais de 20 anos.

Após o término da Guerra Fria, muitos na comunidade de inteligência chegaram à conclusão de que Cuba já não era uma ameaça à segurança nacional dos EUA. O relatório do Departamento de Estado acerca do Terrorismo por Países, em 2008, declarava que Cuba "já não apoia ativamente a luta armada na América Latina e em outras partes do mundo”. O mesmo relatório declarava também: "Os Estados Unidos não possuem evidência de lavagem de dinheiro relacionada ao terrorismo ou a atividades de financiamento do terrorismo em Cuba”.

O relatório de 2009 declarava: "Não há evidência de apoio financeiro direto a organizações terroristas por parte de Cuba em 2009”. O relatório do Departamento de Estado, em 2010, declarava: "O governo e os meios oficiais cubanos condenaram publicamente atos de terrorismo por parte de al-Qaeda e de seus afiliados”.

Tem algum sentido manter Cuba na lista após mais de duas décadas dos fatos citados na lista original?

Então, por que o Departamento de Estado mantém Cuba na lista?

A justificativa parece ser a de que "o governo cubano continuou dando refúgio seguro a vários terroristas”, segundo o relatório de 2008, acerca do Terrorismo por Países.

Examinemos a evidência.

Primeiro, o Departamento de Estado alega que Cuba oferece refúgio seguro a terroristas da Espanha. O fato de que um punhado de ex-membros da organização Patria Vasca y Libertad –mais comumente conhecida por ETA, em espanhol- vive em Cuba segundo um acordo bilateral assinado há décadas com o governo espanhol. A Espanha já declarou publicamente que aprecia a disposição de Cuba de aceitar esses indivíduos em seu território e sustenta que isso aumenta sua capacidade para enfrentar mais eficazmente ao grupo. Inclusive, a polícia espanhola mantém uma pequena presença em Cuba.

Segundo, o Departamento de Estado alega que membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e do Exército de Libertação Nacional (ELN), grupos rebeldes colombianos, estão presentes em Cuba. O fato é que Cuba não apoia o ELN há mais de 20 anos. O governo colombiano declarou publicamente que Cuba tem desempenhado um papel útil ao facilitar conversações de paz com os rebeldes, segundo um relatório do Serviço de Investigações do Congresso, em 2007.

O relatório do Departamento de Estado em 2010 faz eco do relatório de 2009 no sentido de que "atualmente, não há evidência de apoio financeiro direto ou material” às Farc.
Além da ausência de evidências que apoiem a inclusão de Cuba na lista, há razões convincentes para que Cuba seja eliminada dessa lista:

- A presença cubana na lista causa danos à credibilidade dos EUA com quase todos os nossos aliados chave e nos confronta com quase todos os países da América Latina, que consideram que a lista é caprichosa e motivada politicamente.

- Dificulta nossa capacidade de trabalhar com aliados para facilitar contatos, cujo objetivo é a reconciliação com grupos rebeldes, como as Farc.

- A política dos EUA causa danos aos esforços de cooperação com Cuba em importantes assuntos norte-americanos de segurança nacional, incluindo o contrabando transnacional de humanos, de narcóticos e de armas, bem como de desastres meio ambientais.

- A política norte-americana causa danos a nossos negócios e a nossos trabalhadores ao oferecer uma justificativa para continuar o embargo comercial a Cuba, que destrói postos de trabalho.

- Sobretudo, manter Cuba na lista do Departamento de Estado socava os esforços norte-americanos na mais extensa e verdadeira luta contra o terrorismo.

Por todas essas razões, é hora de que os EUA terminem com essa contraproducente e hipócrita política e eliminem Cuba da lista de Estados patrocinadores do Terrorismo.

Fonte original: Thehill



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