Cuba
Eduardo Galeano volta a Cuba e defende movimento dos indignados
Fonte: CORREIO DO BRASIL
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Eduardo Galeano (E) foi recebido por Roberto Fernández Retamar (D), presidente da Casa de las Américas |
O escritor uruguaio Eduardo Galeano afirmou nesta sexta-feira, em sua chegada a Havana, que a neutralidade é impossível em um mundo que está dividido entre os indignos e os indignados. Qualquer um pode ser indigno ou indignado, afirmou, em breve conversa com jornalistas em sua chegada à capital cubana depois de mais de 10 anos de ausência, convidado pela Casa de las Americas, para o Prêmio Literário 53 (anos da revolução comunista) que se inicia na próxima segunda-feira.
A crise que o planeta enfrenta tem levado muitos povos a aceitar o inaceitável, forçando-os à indignidade. É por isso que, segundo ele, os movimentos emergentes, como o dos indignados, de repente, tornam-se perigosamente contagiante em todos os países. Ninguém pode deter a capacidade viral que tem a indignação, disse referindo-se aos movimentos sociais que surgiram em vários países para expressar seus protesto contra a desigualdade e o desemprego.
Em sua opinião, em todos os lugares se pode respirar uma energia de mudança que procura se manifestar. A esquerda, segundo ele, está por toda parte. Processos de mudança que realmente ocorrem, crescem lentamente de baixo para cima e de dentro para fora. Às vezes, eles são silenciosos, quase secretos, mas existem em toda parte.
– Eu volto para Cuba sem ter saído, porque esta ilha permaneceu sempre viva em mim, em minhas palavras, minhas ações e minha memória, uma memória viva de tudo o que dela recebí. Nunca ocultei minha admiração por esta Revolução, um exemplo de dignidade nacional e da solidariedade em um mundo onde o patriotismo é um direito negado aos países pequenos e pobres. Nunca na minha vida conheci um país tão solidário como este, nenhuma revolução tão oferecida aos demais (seres humanos) como esta – assegurou.
Referindo-se a sua relação com a Casa de las Américas, “minha casa”, disse ele, lembrou que, no início, era um caso de amor pouco correspondido.
– Eu me lembro como eu escrevi As Veias Abertas (da América Latina, principal obra na vida do autor)… para chegar a tempo do concurso literário. Tanto esforço e perdi na competição – lembrou.
Três vezes vencedor do prêmio, logo em seguida, Galeano retorna à instituição para apresentar o seu livro Espelho, uma história quase universal, Menção Honrosa de Narrativa do Prêmio José María Arguedas 2011.
– Este texto oferece uma tentativa de ajudar na recuperação do arco-íris terrestre, que contém mais cores e esplendor do que o arco-íris celeste. Queria ajudar a recuperar essas cores perdidas, porque estamos cegos, mutilados por uma longuíssima tradição de racismo, de machismo, elitismo, de militarismo e de outros ismos que nos impedem de descobrir toda a plenitude de nossa beleza possível – apontou.
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