Foram tantos comícios e manifestações pela volta do menino Elián que cansei daquela coisa e fui procurar o que ocorria em volta do show político.
No clipe aí de cima, feito com trechos do filme que vai ao ar no dia 4 de setembro, pelo Canal Brasil, um sujeito diz que "se isso aparecer na tv em Cuba, ele está frito.
Ele na verdade é um policial à paisana. Quanto ao medo de aparecer na TV, refere-se não à uma paranóia política, mas ao fato em que está dando uns amassos na sua "companheira de trabalho voluntário". Está com medo é da patroa em casa.
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Esse filme mostra o que conversei também, com os motoristas dos milhares de ônibus que levavam a garotada todos os dias para protestar. Com eles tive a oportunidade de provar o verdadeiro rum cubano, aquele que é feito na banheira de casa.
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Mas, falando sério, imagine um grupo de 20 motoristas e mecânicos de ônibus sentados no Malecón (a murada contra o mar de Havana), "vigiando os ônibus, pra que não lhes roubem os assentos".
Imagine um homem comum, que passa com uma câmera na mão.
Os mecânicos chamam o homem com uma câmera pra conversar.
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O que se vê é de uma riqueza humana incrível. E de um rapidez de pensamento notável (da parte deles, claro).
Depois de notar que eu havia provado o tal "Havana Club Inventado" o motorista de ônibus escolar, com delicadeza, respeito e rapidez, num movimento certeiro e firme, vira a minha câmera de cabeça pra baixo e comunica que depois do "Rum Inventado" é assim que ele vê o mundo.
Em seguida arranca um fio da própria blusa, o põe diante da lente que continua a filmar, e me oferece o fio como um prumo, pra nivelar a câmera em ponta-cabeça!
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Tudo isso ali, na hora, sem ensaio, sem formalidade. Amizade instantânea.