Cuba
Jornadas Bolivarianas discutem o Caribe na UFSC
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Fonte: IELANo mais das vezes, o senso comum, quando pensa Caribe, pensa cruzeiro, ilhas paradisíacas, drinques exóticos. Poucos são aqueles que relacionam essa parte do mundo com revolução, luta popular, libertação. Pois o Caribe é tudo isso. Primeira região vista pelos invasores em 1492, as ilhas do Caribe foram espaço de colonização, da ascensão do açúcar, reino dos piratas e também berço de revoluções importantíssimas como a do Haiti, onde os negros escravos realizaram a façanha de serem os primeiros a formar uma nação livre naquele espaço geográfico.
Depois, bem mais tarde, foi a vez de Cuba, com a inovadora revolução de 1959, que trouxe para a América Latina a possibilidade do socialismo. Também é no Caribe que estão os paraísos fiscais para onde escorre o dinheiro da elite latino-americana e dos ladrões de casaca. Hoje, podemos ouvir falar do Caribe quase todos os dias, já que o Brasil se presta a criticada missão de comandar a ocupação militar no Haiti desde há anos. Assim que essa região está muito mais próxima de nós do que imaginamos. E é por isso que o Instituto de Estudos Latino-Americanos fez do Caribe o seu tema das Jornadas Bolivarianas desse ano.
Durante três dias inteiros desfilarão pelas mesas de conferência os temas mais candentes relacionados a essa parte do planeta que, apesar de tantas colonizações diferentes, e tantas línguas, faz parte da grande Abya Yala, a terra do esplendor conhecida também como “As Três Américas”.
A região do Caribe é um espaço localizado no lado leste da América Central e unifica, dentro do Mar do Caribe, uma série de pequenas ilhas/países também conhecidas como Antilhas. São elas: Antígua e Barbuda, Aruba, Bahamas, Barbados, Cuba, Dominica, Granada, Guadelupe, Haiti, Ilhas Caimãs, Ilhas Turcas e Caicos, Ilhas Virgens, Jamaica, Martinica, Porto Rico, República Dominicana, Saint Barthélemy, Santa Lúcia, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago. Vivem ali mais de 14 milhões de pessoas.
A Bacia do Caribe também é de interesse estratégico no que diz respeito a rotas comerciais, uma vez que cerca de metade da carga exterior dos EUA e as importações de petróleo bruto circulam através das vias navegáveis deste pequeno espaço de mar e ilhas. Nos anos 70 todos estes estados insulares observaram que, diante do assédio dos países centrais, era mais do que necessário empreender uma união. Foi quando nasceu o Caricom, Mercado Comum e Comunidade do Caribe, visando entrar na lógica dos blocos econômicos. Naqueles dias Cuba não podia ser admitida, vindo a integrar o Caricom só em 1998, e como observadora.
Como esta é uma região bastante desfocada na realidade dos brasileiros também há poucas informações sobre as relações comerciais que se estabelecem entre o bloco do Caricom e o Brasil. Ainda assim, sabe-se que de tudo o que foi importado desta região, o maior fluxo vem da ilha de Trinidad Tobago (98%, segundo estudos de Débora Barros Leal Farias - Rev. Bras. Polít. Int. 43 (1): 43-68 [2000]), basicamente derivados do petróleo e gás natural. O Brasil tem embaixadas em apenas seis dos países do Caribe e mantém relações com as Ilhas Caimãs, onde existem vários escritórios de negócios tocados por brasileiros.
Com o advento da ALBA ( Aliança Bolivariana para os Povos da América Latina), em 2004, impulsionada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, novas relações começaram a se formar no âmbito do Caribe, dentro de uma perspectiva mais equânime e isso também deu outra coloração a discussão sobre os problemas da região do Caribe. Não mais a lógica colonial imposta pelos Estados Unidos, disposto a manter essa região sob seu domínio e em estado de dependência. A ALBA inaugura outra relação no campo da cooperação energética, cultural e econômica.
Em função de todas estas questões, os pesquisadores do IELA observaram que a região do Caribe deveria receber mais atenção da comunidade científica. E, é justamente a isso que o debate das Jornadas Bolivarianas se propõe a isso.
O IELA traz a renomada professora Digna Castañeda, responsável pela Cátedra do Caribe na Universidade de Habana/Cuba, o professor Norman Girvan, jamaicano radicado em Trinidad y Tobago, que têm vários livros escritos sobre o Caribe, Carlos Martínez, da Universidade Nacional da Colômbia, também de larga experiência nos estudos caribenhos e Maria Ceci Misozcky, da UFRGS, que tem realizado um estudo sistemático no Haiti há vários anos. Essa diversidade de olhares montará um painel revelador dos dramas, desafios e sucessos da gente caribenha.
As jornadas ainda lançam os livros: Em luta pela terra sem mal: a saga Guarani contra a escravidão na Bolívia, de Juliana dal Piva, o Anuário Educativo Brasileiro, organizado porNildo Ouriques e Guadelupe Terezinha Bertussi, e o Em Busca da Utopia: a caminhada da reportagem no Brasil, dos anos 50 aos anos 90, da jornalista Elaine Tavares. Ainda haverá apresentação de trabalhos e uma exposição da artista plástica Diana Roman Durante.
As atividades acontecem de 23 a 25 de abril de 2012, no Auditório da Reitoria da UFSC, começando no dia 23 às 18h30min.
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