MAIS PODEROSO QUE O BLOQUEIO: UMA ECONOMIA NORTE-AMERICANA EM DIFICULDADES.
La Alborada
O bloqueio foi concebido como arma de última instância para derrubar a economia cubana. Se nada mais funcionava, o bloqueio funcionaria, ou assim se pensava. Cuba atravessa hoje uma grave crise de liquidez, e sua economia, em contração, não possibilita manter os níveis anteriores de importação e de subsídios sociais. É uma situação dolorosa para o povo cubano. Essa situação atual, no entanto, é causada principalmente pelo bloqueio.
É certo que o bloqueio ao longo de décadas teve um impacto dramático e custoso para a economia da Ilha, quantificado pelos cubanos em dezenas de bilhões de dólares. Também é certo que o modelo econômico cubano necessita de reformas para poder aumentar a produção, produtividade e, consequentemente, a renda pessoal e nacional. Mas, a crise financeira em Cuba, tem suas raízes em dois tipos de eventos que não têm nada a ver com o bloqueio.
A primeira é a devastação causada pelos furacões e tempestades no ano passado, que custaram 20% do produto nacional bruto e deixou o setor habitacional necessitado de uma reconstrução em larga escala. Este clima terrível, destrutivo, não foi gerado pelos EUA.
Em segundo lugar, ironicamente, está a atual crise econômica dos Estados Unidos, , que envolve uma série de crises subsidiárias. Estas incluem o colapso do setor imobiliário; uma crise de liquidez que, se disse, quase derrubou o sistema bancário; os níveis insustentáveis de desemprego; baixa confiança dos consumidores e uma queda na confiança dos titãs das finanças, que continuam se concedendo bonificações astronômicas, enquanto o sistema está à beira de uma histórica depressão.
A crise econômica geral está sendo administrada nos EUA mediante a impressão de montantes recordes de dívida, um feito possível somente mediante a aceitação universal do dólar como moeda de último recurso. Mas, o próprio dólar vai perdendo valor, e outros países estão cada vez mais procurando diversificar suas relações comerciais e suas reservas em outras moedas.
Inevitavelmente, a crise econômica aqui se espalha para outros países, incluindo Cuba. Uma demanda e preços em queda mundial significa uma queda na receita de setores importantes da economia cubana, principalmente do níquel e do turismo, que atrai mais visitantes, mas que gastam menos.
Em suma, os Estados Unidos têm causado uma grande contração da economia cubana, mas apenas como resultado de suas próprias falhas na economia; para parafrasear o que tanto se disse nos EUA do socialismo cubano, como resultado da falida gestão capitalista.
Cuba está em situação grave, mas tem uma chance razoável de se recuperar. Por exemplo, para além do que podem resultar as reformas internas em curso, conta com uma relação estratégica com a China, que se tornou o principal motor da recuperação econômica mundial.
Tem boas e crescentes relações com o Brasil, que agora aponta se tornar a quinta maior economia do mundo, que evitou os piores aspectos da crise econômica, e manterá suas relações com Cuba, mesmo se o governo deixar de ser do Partido dos Trabalhadores, de Lula.
Qualquer dia, uma das várias companhias petrolíferas que exploram em e ao redor de Cuba – nenhuma das quais baseada nos EUA – descobrirá petróleo em quantidades comercializáveis.
Além disso, mais cedo ou mais tarde, os EUA irão ajustar a sua economia, mesmo com uma posição reduzida internacionalmente. Ele ainda estará cerca de 90 milhas de Cuba, que por sua vez não vai estar à deriva em uma distância maior. As relações entre EUA e Cuba continuarão a ser um trabalho em progresso.
Esperamos, no entanto, que o bloqueio não vá durar muito tempo. Seria melhor para ambos os países, para resolver suas respectivas economias e para realizar um comércio normal de nações vizinhas.