26 DE JULHO – DIA NACIONAL DE CUBA
Por: Dr. Luis Barbosa
Durante muitos anos a encantadora Ilha de Cuba foi, por assim dizer, uma colónia dos Estados Unidos, onde os americanos tinham grandes interesses económicos e usufruíam de estadias prolongadas para satisfação dos seus luxos e prazeres mais desvairados.
Os grandes interesses dos americanos em Cuba tinham sempre nos sucessivos governos da Ilha os seus guardiões e a máxima garantia na defesa das suas empresas.
Eram autênticas marionetes na submissão invertebral ao usurpador do Norte. Chafurdavam em todo o tipo de corrupção, espezinhando os mais elementares interesses nacionais. Com a apatia da maior parte dos partidos e a ausência de uma grande fatia da burguesia cubana.
Quem não estava pelos ajustes era uma certa Juventude rebelde operária e universitária, além das camadas mais genuinamente populares, onde fervilhavam um forte sentimento nacionalista, o fervor patriótico mais autêntico e a desinteressada luta sem tréguas pela sua identidade nacional. Até às últimas consequências, como, aliás, tem sido sempre apanágio do heróico Povo Cubano.
Levando por diante as suas aspirações e aproveitando os festejos carnavalescos em Santiago, a 26 de Julho de 1953, o jovem Fidel Castro chefiou cerca de 100 rebeldes num ataque ao Quartel Moncada, que era a segunda maior guarnição militar de Cuba. No caso de êxito, os Rebeldes apoderar-se-iam de um grande número de armas para a escalada revolucionária. Que era o grande objectivo em vista para a propagação da revolta generalizada.
Infelizmente esta tentativa foi um desastre e um rude golpe para os Rebeldes assaltantes. Teve, porém, o condão de despertar ainda mais a consciência da população em geral, para a importância da actividade dos Jovens Revolucionários.
O saldo do malogrado assalto cifrou-se nos oito mortos durante o combate e em cinquenta e cinco feitos prisioneiros, torturados e assassinados. Os buracos das balas nas paredes do Quartel, ainda hoje são o vivo testemunho dessa façanha, que agora perfaz os 55 anos.
Só ao fim de alguns dias de fuga, e completamente exausto, Fidel é feito prisioneiro, julgado e condenado a 15 anos de cárcere.
Ficou famosa e para a posteridade a célebre frase com que, perante os juízes, termina a sua própria defesa: “Podem condenar-me, mas a História me absolverá!”
Entretanto, e aproveitando o período de acalmia gerado pelas eleições ilegítimas, que a Ditadura havia convocado, o movimento de massas, que entretanto foi crescendo significativamente, conseguiu uma ampla amnistia dos Presos Políticos, entre os quais os combatentes revolucionários de Moncada. Seguiram-se as greves operárias, que abalaram profundamente todo o sector açucareiro.
Uma vez amnistiado, Fidel saiu em liberdade e nesse mesmo ano de 1955, abandonou Cuba clandestinamente, exilando-se no México, onde já se encontravam muitos compatriotas. O jovem Ernesto Che Guevara vem também a fazer parte do grupo, que, em casa de Maria Antónia (exilada Cubana), reúnem e conspiram.
Na primeira oportunidade embarcam no iate Granma cerca de 80 rebeldes, em direcção à orla costeira cubana, dispostos a levar por diante a grande Saga Revolucionária, da luta armada de guerrilha, desde a Serra Maestra até à guerrilha urbana, em toda a Ilha.
Não é uma pura e simples coincidência o facto de o assalto ao Quartel Moncada e ao Quartel Cespedes serem desencadeados no dia 26 de Julho de 1953. José Marti, que morreu em combate na luta pela independência, era para Fidel a imagem mais emblemática na História de Cuba contra o colonizador espanhol. E o ano de 1953 era também o centésimo aniversário do nascimento (28 de Outubro) de José Marti. E nada melhor para festejar e homenagear a memória do grande lutador e mártir do que a insurreição armada.
Nas paredes de Moncada
os olhos da memória
testemunho vivo
no esplendor dos nossos dias
Em Uvero
não se calou ainda
o eco do 1º tiro na emboscada
A linguagem das armas contra a Ditadura
falava o mesmo idioma de José Marti
contra o inimigo colonizador
Quem entender a felicidade nos seus mortos
saberá como é difícil a arte da alegria
e como de fascínios
o Povo Cubano sabe pintar a sua Pátria
Epopeia de luto pelos seus Heróis
Epopeia, Epopeia contra o bloqueio
na solidariedade que incendeia
o rastilho da raiva em todo o Mundo
Quente e azul-limpo o céu
De luz de música e de prodígios
Que todos os dias celebra a eternidade
Cuba
meu amor!
Peso da Régua, Julho de 2008
Luís Barbosa
Transcrito de: http://emba.cubaminrex.cu/Default.aspx?tabid=19614