Nunca cederemos às pressões do imperialismo, diz dirigente da CTC
Cuba

Nunca cederemos às pressões do imperialismo, diz dirigente da CTC


O secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC), Salvador Valdez, é categórico ao analisar as constantes provocações exercidas pelo imperialismo em relação a seu país: “Nunca iremos ceder diante de pressões e da opressão e sempre defenderemos nosso sistema”, afirma, ao explicar como se deu o recente processo de libertação de alguns presos cubanos, fato apresentado pela mídia internacional de forma distorcida — como é praxe em relação à Ilha há mais de 50 anos.

Por Umberto Martins e Fernando Damasceno
Fonte: Vermelho

Valdez foi entrevistado pelas reportagens dos Portais Vermelho e CTB em Caracas (Venezuela), no último dia 24 de julho, logo após o encerramento do 3º Encontro Sindical Nossa América (Esna). Na condição de representante de uma organização que serve de exemplo à classe trabalhadora de todo o continente, ele não se furtou a tratar de temas delicados nesta conversa, apresentando seu ponto de vista em relação a questões como a integração latino-americana, o poderio do imperialismo, o bloqueio a Cuba, a atual situação econômica de seu país e o papel dos trabalhadores nas decisões da Revolução.

Leia abaixo a entrevista:

Comente a recente libertação de alguns presos em Cuba.
Contra Cuba, o governo dos EUA e seus aliados, como os governos da União Europeia, têm realizado um campanha midiática com a finalidade de criticar nossa Revolução e debilitar sua imagem, apoiando-se em certas pessoas que são dissidentes e não compartilhar do processo revolucionário, pessoas que tiveram uma conduta social incorreta, como foi o caso de Zapata Tamaya, que antes de realizar sua greve de fome e morrer, era um prisioneiro comum, com vários antecedentes penais, como furtos e roubos.

Dessa forma, os inimigos da Revolução se aproveitam dessas pessoas e as financiam, especialmente por meio da máfia cubana que reside em Miami, e utilizam essas pessoas como assalariados do imperialismo, com o propósito de debilitar a Revolução. E, pelo fato de veículos midiáticos terem tamanha força, eles acabam por criar uma imagem fictícia, que não é real, já que a partir de argumentos eles não podem criar um discurso contrário à Revolução.

Em pouco mais de 50 anos desde a Revolução, o governo dos EUA, em suas 11 administrações nesse período, sempre teve como objetivo fundamental destruí-la. Um exemplo disso são todas as resoluções anuais apresentadas na ONU para que o bloqueio seja retirado, algo que os Estados Unidos insistem em ignorar, ao passo que seguem apoiando esses grupos dissidentes.

Essas pessoas realmente foram condenadas por terem agido contra a Revolução, com a finalidade de destruí-la, usando os instrumentos fornecidos pelos Estados Unidos. Essas pessoas foram corretamente julgadas em nosso país. Tivemos uma atitude de princípios. Podemos ser agredidos nos âmbitos econômicos, políticos, midiáticos e nunca iremos ceder diante de pressões e da opressão e sempre defenderemos nosso sistema, construindo o socialismo.

Mas agora, por uma decisão política do governo cubana, achou-se melhor libertar esses presos. Eu posso falar em nome dos trabalhadores cubanos identificados com a Revolução. Apoiamos a construção do socialismo, pois esse processo nos trouxe muitos benefícios. Entendemos que foi uma decisão soberana do governo cubano. Os outros países têm que aceitar nossa Constituição e nossos projetos. Não estamos de acordo com as medidas tomadas pelo imperialismo, mas consideramos que foi um passo humano e positivo.

Atualmente, de que forma o movimento de trabalhadores se representa politicamente em Cuba?
O movimento sindical cubano está representado no Parlamento do país — temos dezenas de dirigentes e trabalhadores que são deputados na Assembleia Nacional. E temos dirigentes dos sindicatos nacionais que também são deputados, como eu. Os trabalhadores também têm cadeira no Legislativo e são ouvidos. Nenhuma lei que nos diga respeito é aprovada sem que os trabalhadores sejam ouvidos. Por isso é que sempre defenderemos a Revolução. Quando ela é atacada, sentimos como se nós fôssemos atacado.

Que análise você faz do impacto da crise econômica em Cuba e como ela afetou a classe trabalhadora do país?
A crise nos afeta e nos impacta severamente. Primeiramente, estamos na situação do bloqueio, que durante 50 anos nos impede de ter comércio, já que ele não é um embargo — é um bloqueio econômico, comercial e financeiro. Para os outros pode ser embargo; para nós é um bloqueio, de impacto também político.

A economia cubana é muito difícil. Não temos acesso a nenhuma das tecnologias norte-americanas, algo que encarece nossos processos de investimentos. Nosso comércio não pode ter relações com nenhuma subsidiária norte-americana, assim como nenhum barco que passe por portos norte-americanos pode ancorar em Cuba por seis meses. Esse bloqueio existe, persiste e nos afeta.

A crise veio para se somar ao bloqueio, como um problema a mais. É preciso lembrar que estamos no Caribe, condição que faz com que os fenômenos meteorológicos também nos afetem, assim como as mudanças climáticas. Isso impacta muito a economia do país. O enfrentamento disso mostra a fortaleza que é a Revolução, pois seguimos avançando, apesar dos poucos recursos.

Certos produtos tiveram seus preços muito reduzidos durante a crise. A demanda do tabaco, por exemplo, nos afetou muito. Somos também exportadores de níquel, produto que durante a crise teve seu preço rebaixado em quase 500%. O turismo, outra fonte de recursos para nosso país, também foi muito afetado pela crise.

Já em 2009, nossa economia não teve um retrocesso total. Nosso PIB aumentou em 1,7%, algo que, na verdade, não nos desenvolve, mas ao menos não significa recessão. Para 2010, estamos trabalhando com a previsão de que não haverá recessão novamente. Estamos reduzindo os gastos, apertando o cinto, reduzindo os níveis de importação e tentando buscar soluções internas em nossa economia. E, sobretudo, nosso governo age para proteger os trabalhadores nesse momento delicado, em que há mais desemprego.

A relação de Cuba dentro da Alba serviu para que esse impacto fosse menor?
Os projetos da Alba e seu processo de integração foram sem dúvida uma maneira de reduzirmos os impactos da crise e enfrentá-la. A relação entre os oito países da Alba nos deu uma garantia e uma possibilidade de enfrentar a crise a partir de um outro patamar, que nos permitiu continuar aplicando uma certe justiça social. Nos deu um respiro, uma maior segurança para nossos investimentos.

Que análise você faz do Esna e do atual momento do processo de integração em curso na América Latina?
Este é um Encontro de organizações sindicais de diferentes afiliações regionais, assim como de diferentes tendências políticas e até mesmo religiosas. Assim, é preciso que seja algo aberto, de convergência, em busca de algo comum. Nós, trabalhadores, temos muitos interesses em comuns, como a manutenção do trabalho, a estabilidade e nossa saúde, os riscos de precarização de nossos empregos, a luta contra a crise.

Ao falarmos aqui de nossa região, temos que ver a série de acontecimentos ocorridos em contrariedade à soberania de vários países, contra a defesa de seus recursos e seus interesses. Por outro lado, tivemos uma resposta a partir de diversos processos, como o que vemos aqui na Venezuela, o que vemos na Bolívia, o que vemos novamente na Nicarágua, no Brasil, com o êxito de Lula — todos processos contra a exploração e a antiga dependência dos Estados Unidos.

Assim, este evento vem para que apoiemos, entre outras coisas, essas mudanças, em busca de mais desenvolvimento. Temos que estar preparados para deixar a defensiva e partir para uma ofensiva. Como conseguirmos consciência para apoiar esses projetos de mudança. Como enfrentar os redutos neoliberais, que ainda são poderosos e aliados do imperialismo norte-americano. Como enfrentar a militarização dos EUA, traduzida nas diversas bases espalhadas pelo continente. Os trabalhadores têm que denunciar e se municiar de informações contra essas iniciativas.

Temos que seguir lutando, não apenas para defender nossa soberania. Este Encontro é mais uma oportunidade para reforçar nossa integração, contra toda a agressividade que existe ao nosso redor. A unidade só trará benefício aos trabalhadores e a nossos povos.

Nunca cederemos às pressões do imperialismo, diz dirigente da CTC
O secretário-geral da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC), Salvador Valdez, é categórico ao analisar as constantes provocações exercidas pelo imperialismo em relação a seu país: “Nunca iremos ceder diante de pressões e da opressão e sempre defenderemos nosso sistema”, afirma, ao explicar como se deu o recente processo de libertação de alguns presos cubanos, fato apresentado pela mídia internacional de forma distorcida — como é praxe em relação à Ilha há mais de 50 anos.
Valdez foi entrevistado pelas reportagens dos Portais Vermelho e CTB em Caracas (Venezuela), no último dia 24 de julho, logo após o encerramento do 3º Encontro Sindical Nossa América (Esna). Na condição de representante de uma organização que serve de exemplo à classe trabalhadora de todo o continente, ele não se furtou a tratar de temas delicados nesta conversa, apresentando seu ponto de vista em relação a questões como a integração latino-americana, o poderio do imperialismo, o bloqueio a Cuba, a atual situação econômica de seu país e o papel dos trabalhadores nas decisões da Revolução.

Leia abaixo a entrevista:

Comente a recente libertação de alguns presos em Cuba.
Contra Cuba, o governo dos EUA e seus aliados, como os governos da União Europeia, têm realizado um campanha midiática com a finalidade de criticar nossa Revolução e debilitar sua imagem, apoiando-se em certas pessoas que são dissidentes e não compartilhar do processo revolucionário, pessoas que tiveram uma conduta social incorreta, como foi o caso de Zapata Tamaya, que antes de realizar sua greve de fome e morrer, era um prisioneiro comum, com vários antecedentes penais, como furtos e roubos.

Dessa forma, os inimigos da Revolução se aproveitam dessas pessoas e as financiam, especialmente por meio da máfia cubana que reside em Miami, e utilizam essas pessoas como assalariados do imperialismo, com o propósito de debilitar a Revolução. E, pelo fato de veículos midiáticos terem tamanha força, eles acabam por criar uma imagem fictícia, que não é real, já que a partir de argumentos eles não podem criar um discurso contrário à Revolução.

Em pouco mais de 50 anos desde a Revolução, o governo dos EUA, em suas 11 administrações nesse período, sempre teve como objetivo fundamental destruí-la. Um exemplo disso são todas as resoluções anuais apresentadas na ONU para que o bloqueio seja retirado, algo que os Estados Unidos insistem em ignorar, ao passo que seguem apoiando esses grupos dissidentes.

Essas pessoas realmente foram condenadas por terem agido contra a Revolução, com a finalidade de destruí-la, usando os instrumentos fornecidos pelos Estados Unidos. Essas pessoas foram corretamente julgadas em nosso país. Tivemos uma atitude de princípios. Podemos ser agredidos nos âmbitos econômicos, políticos, midiáticos e nunca iremos ceder diante de pressões e da opressão e sempre defenderemos nosso sistema, construindo o socialismo.

Mas agora, por uma decisão política do governo cubana, achou-se melhor libertar esses presos. Eu posso falar em nome dos trabalhadores cubanos identificados com a Revolução. Apoiamos a construção do socialismo, pois esse processo nos trouxe muitos benefícios. Entendemos que foi uma decisão soberana do governo cubano. Os outros países têm que aceitar nossa Constituição e nossos projetos. Não estamos de acordo com as medidas tomadas pelo imperialismo, mas consideramos que foi um passo humano e positivo.

Atualmente, de que forma o movimento de trabalhadores se representa politicamente em Cuba?
O movimento sindical cubano está representado no Parlamento do país — temos dezenas de dirigentes e trabalhadores que são deputados na Assembleia Nacional. E temos dirigentes dos sindicatos nacionais que também são deputados, como eu. Os trabalhadores também têm cadeira no Legislativo e são ouvidos. Nenhuma lei que nos diga respeito é aprovada sem que os trabalhadores sejam ouvidos. Por isso é que sempre defenderemos a Revolução. Quando ela é atacada, sentimos como se nós fôssemos atacado.

Que análise você faz do impacto da crise econômica em Cuba e como ela afetou a classe trabalhadora do país?
A crise nos afeta e nos impacta severamente. Primeiramente, estamos na situação do bloqueio, que durante 50 anos nos impede de ter comércio, já que ele não é um embargo — é um bloqueio econômico, comercial e financeiro. Para os outros pode ser embargo; para nós é um bloqueio, de impacto também político.

A economia cubana é muito difícil. Não temos acesso a nenhuma das tecnologias norte-americanas, algo que encarece nossos processos de investimentos. Nosso comércio não pode ter relações com nenhuma subsidiária norte-americana, assim como nenhum barco que passe por portos norte-americanos pode ancorar em Cuba por seis meses. Esse bloqueio existe, persiste e nos afeta.

A crise veio para se somar ao bloqueio, como um problema a mais. É preciso lembrar que estamos no Caribe, condição que faz com que os fenômenos meteorológicos também nos afetem, assim como as mudanças climáticas. Isso impacta muito a economia do país. O enfrentamento disso mostra a fortaleza que é a Revolução, pois seguimos avançando, apesar dos poucos recursos.

Certos produtos tiveram seus preços muito reduzidos durante a crise. A demanda do tabaco, por exemplo, nos afetou muito. Somos também exportadores de níquel, produto que durante a crise teve seu preço rebaixado em quase 500%. O turismo, outra fonte de recursos para nosso país, também foi muito afetado pela crise.

Já em 2009, nossa economia não teve um retrocesso total. Nosso PIB aumentou em 1,7%, algo que, na verdade, não nos desenvolve, mas ao menos não significa recessão. Para 2010, estamos trabalhando com a previsão de que não haverá recessão novamente. Estamos reduzindo os gastos, apertando o cinto, reduzindo os níveis de importação e tentando buscar soluções internas em nossa economia. E, sobretudo, nosso governo age para proteger os trabalhadores nesse momento delicado, em que há mais desemprego.

A relação de Cuba dentro da Alba serviu para que esse impacto fosse menor?
Os projetos da Alba e seu processo de integração foram sem dúvida uma maneira de reduzirmos os impactos da crise e enfrentá-la. A relação entre os oito países da Alba nos deu uma garantia e uma possibilidade de enfrentar a crise a partir de um outro patamar, que nos permitiu continuar aplicando uma certe justiça social. Nos deu um respiro, uma maior segurança para nossos investimentos.

Que análise você faz do Esna e do atual momento do processo de integração em curso na América Latina?
Este é um Encontro de organizações sindicais de diferentes afiliações regionais, assim como de diferentes tendências políticas e até mesmo religiosas. Assim, é preciso que seja algo aberto, de convergência, em busca de algo comum. Nós, trabalhadores, temos muitos interesses em comuns, como a manutenção do trabalho, a estabilidade e nossa saúde, os riscos de precarização de nossos empregos, a luta contra a crise.

Ao falarmos aqui de nossa região, temos que ver a série de acontecimentos ocorridos em contrariedade à soberania de vários países, contra a defesa de seus recursos e seus interesses. Por outro lado, tivemos uma resposta a partir de diversos processos, como o que vemos aqui na Venezuela, o que vemos na Bolívia, o que vemos novamente na Nicarágua, no Brasil, com o êxito de Lula — todos processos contra a exploração e a antiga dependência dos Estados Unidos.

Assim, este evento vem para que apoiemos, entre outras coisas, essas mudanças, em busca de mais desenvolvimento. Temos que estar preparados para deixar a defensiva e partir para uma ofensiva. Como conseguirmos consciência para apoiar esses projetos de mudança. Como enfrentar os redutos neoliberais, que ainda são poderosos e aliados do imperialismo norte-americano. Como enfrentar a militarização dos EUA, traduzida nas diversas bases espalhadas pelo continente. Os trabalhadores têm que denunciar e se municiar de informações contra essas iniciativas.

Temos que seguir lutando, não apenas para defender nossa soberania. Este Encontro é mais uma oportunidade para reforçar nossa integração, contra toda a agressividade que existe ao nosso redor. A unidade só trará benefício aos trabalhadores e a nossos povos.



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