Cuba
O gérmen galego da Cuba de Fidel
O gérmen galego da Cuba de Fidel
Fonte em galego: Diário da Liberdade
Tradução: Robson Luiz Ceron - Blog Solidários
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Foto: Celia Sánchez, Fidel Castro e Haydée Santamaría |
Benigno Santamaría nasceu na freguesia de Prexigueiro, no conselho ourense de Beja, no final do século XIX. Emigrou para Cuba, onde se casou com Joaquina Cuadrado, com quem teve quatro filhos.
O que nunca imaginaria este carpinteiro, da comarca do Rivero, era que dois deles, Haydée e Abel, acabariam convertendo-se em duas figuras chaves da Revolução Cubana. A primeira, por ser a mãe da Nova Trova Cubana e por seu destacado papel a frente as guerrilheiras. O segundo, que foi torturado e assassinado pelo regime de Batista, foi a mão direita de Fidel Castro e o segundo chefe do exército revolucionário. Assim o reconhece o documentário “Os Santamaría, de Prexigueiro a Cuba”, do pesquisador Lois Pérez Leira, que estréia hoje, às 20horas, na Casa da Cultura da Ribadavia.
O documentário, filmado em Cuba e na Galícia, fruto de mais de dois anos de pesquisas, realiza um percurso pelas origens da família galega e conta com depoimentos de, entre outros, os cantores Vicente Feliu e Silvio Rodríguez, que dedicou "A canção do eleito" à Abel Santamaría.
Pérez Leira entrevistou pessoalmente a filha de Haydée Santamaría, a intelectual Célia Hart, poucos dias antes desta falecer em um acidente de trânsito em Havana. "Junto com Fidel, é a pessoa mais lida de Cuba, pela internet", diz o pesquisador, que chegou a ter "uma grande amizade com ela".
Depois de realizar uma exaustiva tarefa de documentação e entrevistar mais de 30 pessoas, Pérez Leira terminou o trabalho há um ano e prevê que a estréia seja breve, em Cuba. "Tentei colocar a grande influência galega na Revolução Cubana, que é crucial, pois no grupo inicial dos moncadistas havia muitos galegos como Júlio Trigo, José Luis Tasende, Gildo Freitas ou o próprio Santamaría", afirma Lois Pérez, em alusão ao assalto do quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, realizado em 26 de julho de 1953, por 131 revolucionários que tentaram derrubar Fulgencio Batista.
Um ano antes, pouco depois do golpe militar do ditador, foi quando Abel Santamaría conheceu Fidel Castro. Ambos estavam em um ato em memória do operário assassinado, Carlos Rodríguez. Desde então se tornaram inseparáveis. Pensavam que haviam de agir contra a ditadura. Abel trabalhava em uma oficina de automóveis e era um estudioso de José Martí. Participou nas primeiras manifestações contra o regime que se produziu em Cuba. A casa de seu pai, Benigno Santamaría "se tornou em um lugar de conspiração, onde se juntavam para jantar até 20 pessoas, uma espécie de pequeno templo patriótico, quartel-general dos martianos, onde se estabeleceu a Revolução Cubana", explica Leira. Os moncadistas se divertiam com Fidel, dizendo-lhe que a maioria deles era descendente de galegos.
Quando ocorreu o episódio da Moncada, um grupo, com Fidel à frente, assaltou o quartel. Abel Santamaría dirigiu outra fração que se encaminhou ao Hospital Civil. Uma terceira frente, comandada por Raúl Castro, atacou o Palácio de Justiça. Os guerrilheiros, em clara inferioridade, lutaram e resistiram até que Fidel decretou a retirada. O Manifesto do Moncada, lido antes do ataque, plasma os princípios revolucionários e qualifica o assalto como a continuidade da luta pela independência de Cuba.
A repressão
A ditadura reagiu com brutal repressão. Batista decretou o estado de sítio e ordenou assassinar 55 revolucionários presos. A brutalidade do regime foi denunciada por Fidel Castro em sua conhecida proclama de defesa: "A história me absolverá", onde relata um dos episódios mais truculentos, quando um sargento mostrou à Haydée, o olho de seu irmão Abel e lhe disse: "Se tu não disseres o que ele não quis dizer, arrancaremos o outro". Haydée se recusou a dar informações. Os dois foram torturados e Abel foi assassinado, junto com o namorado de Haydée. "Nunca foi posto em um lugar tão alto o heroísmo e a dignidade do nome da mulher cubana", afirma o pesquisador Lois Pérez Leira.
Após sair da prisão, Haydée participou da organização do levante de 30 de novembro de 1956, em Santiago de Cuba, em apoio ao desembarque do Granma. Junto com Celia Sánchez e Melba Fernández, foi uma das mais importantes guerrilheiras do exército rebelde e fez parte do pelotão Marina Grajales, formado apenas por mulheres. Após o triunfo da revolução cubana fundou a emblemática instituição cultural Casa das Américas, em 1959, e é considerada a mãe da Nova Trova Cubana. "Sempre apoiou os músicos e os artistas cubanos, Silvio Rodríguez compôs a música à Abel, quando passou alguns dias em sua casa". Haydée cometeu suicídio em 1980 "por motivos que ninguém sabe, nem a sua própria filha Celia", conclui Leira.
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