Em 2011, com uniforme de general e chapéu de camponês, o presidente de Cuba, Raúl Castro, acompanhou desfile militar que comemorou, em Havana, os 50 anos da proclamação do socialismo e a vitória sobre a invasão de Playa Girón. |
No dia 17 de abril de 1961, a agência de notícias UPI divulgou ter recebido uma nota do embaixador argentino em Cuba, Julio Amoedo, sobre uma força invasora que havia desembarcado no sul da ilha de Fidel Castro.
De acordo com um relatório divulgado em Washington em 22 de fevereiro de 1998 pelo Arquivo Nacional de Segurança dos EUA, a operação militar havia começado a ser planejada pela CIA (Agência Central de Inteligência) em agosto de 1959, por ordem do presidente Dwight Eisenhower. A ideia inicial era preparar exilados cubanos para se infiltrarem em Cuba e organizarem uma dissidência anticastrista. Para tanto, a CIA lançou, em março de 1960, seu Programa de Ação Encoberta Contra o Regime de Castro, com um orçamento previsto de US$ 4,4 milhões.
O documento de 150 páginas, escrito em fins de 1960 pelo almirante Lyman Kirkpatrick, revela que, em setembro de 1960, passou a dominar a ideia de um ataque armado. A CIA estava convencida de que poderia derrubar Fidel Castro, da mesma forma como havia deposto o governo reformista de Jacobo Arbenz, na Guatemala, em 1954. A agência de espionagem garantia que o povo cubano, farto de entrar em filas, esperava um sinal de rebelião. O objetivo estratégico dos EUA, no entanto, era conter um alastramento do comunismo na América Latina.
Rebelião interna simulada
Para executar a invasão, exilados cubanos e herdeiros das empresas norte-americanas nacionalizadas pelo governo de Fidel Castro formaram o Exército Cubano de Libertação, com armamentos norte-americanos e bases de treinamento no Panamá e na Guatemala. Para simular uma rebelião interna do exército cubano, os aviões dos EUA envolvidos na invasão foram camuflados com a estrela da força aérea de Cuba.
Atrás da chuva de panfletos e dos bombardeios, cerca de 1.400 homens invadiram os pântanos da praia Girón, conhecida como Baía dos Porcos, no dia 17 de abril de 1961. Três dias depois, eles estavam derrotados. Segundo o governo cubano, 176 pessoas morreram nos combates, mais de 300 ficaram feridas e 50 incapacitadas para toda a vida.
Má execução do plano levou a fracasso
Em 1998, o governo norte-americano admitiu que a operação Baía dos Porcos estivesse condenada ao fracasso desde o começo. A tentativa de derrubar Fidel Castro teria sido "ridícula, trágica ou ambas as coisas". A principal causa do fracasso teria sido sua má execução, e não o fato de o presidente John Kennedy não ter autorizado o apoio da Força Aérea dos EUA aos invasores, como afirmaram durante anos os exilados cubanos e os adversários políticos de Kennedy.
Fidel Castro conversa com prisioneiros da invasão de Playa Girón, em abril de 1961 |
Retirado de UOL