Cuba
Inaugurado em Havana "Memorial Hélio Dutra"
Inaugurado em Havana projeto Rincon:Brasil/Cuba, denominado Memorial Hélio Dutra
Por Maria Auxiliadora, direto de Havana, para o blog do NESCUBA - Núcleo de Estudos Cubanos - do CEAM - Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares - da UnB - Universidade de Brasília.
Quem é Hélio Dutra?
O mais brasileiro dos cubanos e o mais cubano dos brasileiros. Assim era chamado Hélio Dutra, falecido aos 96 anos, completados em 21 de novembro de 2004, 60 dos quais vividos em Cuba.
Hélio Dutra Domingues nasceu em 1908 no então Estado de Rio de Janeiro – Brasil, filho de Oswaldo José Dutra e Eulina Domingues Dutra. Teve um filho, Sérgio Dutra, casado com Lourdes, e dois netos, Sergio e Carolina, residentes no Rio de Janeiro, capital do Estado da Guanabara.
Hélio Dutra desde pequeno contribuiu para a economia da família, composta de sete membros, e trabalhou como mensageiro de duas boticas no bairro de Ipanema. Depois foi meio-prático de farmácia – conseguiu estudar até dois anos de estudos ginasiais -, office-boy, datilógrafo, vendedor de apólices de seguro e foi reservista numa linha de tiro.
Em 1934 passou a trabalhar em um laboratório inglês.Ingressa no Partido Comunista Brasileiro.Chega a Cuba com a missão, encarregada por seus proprietários, de instalar uma filial do Laboratório Labrápia, no dia 29 de outubro de 1945, ao terminar a Segunda Guerra Mundial.
Entre 1946 e 1958, depois de muitos percalços pessoais e financeiros consegue estabilizar uma pequena sucursal em Havana e em 1948 abre uma sucursal em Colômbia e outra na cidade do México em 1950.
Em 1952 o general Fulgêncio Batista sobe novamente ao poder e a luta revolucionária em Cuba se reinicia; os efeitos do golpe ditatorial se fazem sentir em todos os aspectos da vida nacional e também na indústria farmacêutica, afetada pela crise econômica e pelo contrabando propiciado pelas autoridades da época.
Durante todo esse período, ocasionado por conjunturas econômicas desfavoráveis, Hélio foi obrigado a sair momentaneamente de Cuba, mas sempre optou pelo seu retorno à Ilha, como sede permanente do seu trabalho.
As lutas revolucionárias que antecederam ao triunfo da Revolução Cubana aproximaram a Hálio de suas idéias de transformação social e da luta pelo alcance de justiça social. Apesar dos convites para deixar o país e trabalhar com os norte-americanos, que ofertavam salários de milhares de dólares, Hélio decidiu aderir ao processo revolucionário, entregando o laboratório ao governo que o nacionalizou.
Foi testemunha dos grandes feitos da Revolução Cubana e divulgador das idéias de José Martí, escrevendo,sob o título da Frágua Martiana, numerosos artigos sobre a obra e a ação revolucionária do Herói Nacional de Cuba.
Foi membro das MTT – Milícias de Tropas Territoriais e membro do PCC – Partido Comunista de Cuba.
Casou-se pela terceira vez no dia 16 de fevereiro de 1968 em Havana com a cubana Ela Alvarez Delgado, sua companheira inseparável nos últimos 40 anos.
Escreveu em 1988 o livro Querida Ilha, com duas edições esgotadas, que, como disse Fernando Morais, “mostra mais do que um retrato heróico da revolução cubana, pois é acima de tudo uma apaixonada declaração de amor”.
Hélio Dutra muito significou e significa para o fortalecimento do vínculo entre Brasil e Cuba, desde a fundação da Sociedade Cuba-Brasil em Havana, em 1961.
Sempre recebeu a todos os brasileiros, desde os que não tinham visto no passaporte durante a ditadura militar brasileira, período em que foram rompidas as relações diplomáticas entre os dois países, até os exilados políticos desse período, e no período posterior era referência brasileira em Cuba, sempre ao lado de Ela, incansáveis na atenção aos muitos brasileiros que visitavam a Ilha por diferentes motivos.
Seu coração sempre possuiu as cores das duas bandeiras, da brasileira e da cubana, como símbolo da solidariedade incondicional entre os dois povos.
Hélio era respeitado tanto em Cuba como no Brasil. Exemplo disto foi sua condecoração, em Cuba, com várias medalhas, como a da Campanha de Alfabetização, a do CDR e a Feliz Elmuza, da União dos Jornalistas de Cuba, quando completou 90 anos de idade. No Brasil, durante algumas de suas viagens, era recebido e homenageado pelos amigos e participantes do movimento de solidariedade brasileiro e lançou o seu livro Querida Ilha em diferentes cidades desse país.
Faleceu a 18 de março de 2004, vinte dias depois de Ela, com quem dividia seu trabalho de solidariedade entre cubanos e brasileiros e que foi sua companheira na luta por um mundo melhor.
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